sábado, 17 de julho de 2010

Provável Futuro


Era tão lindo o mundo mas a treva

Converteu-se em ganância mais raivosa,
Uma pequena dor minuciosa
Habitual em seu rancor me leva
Mais aguda é, que a dor que tentou Eva
Dor de tudo, de todos, dor sem nome.
Prelibia a memória que se some
Não é todo espaço das esferas,
Onde o tempo que vem são novas eras
Com desdenho retrata a triste fome.

Soneto da Vida


Como uma vida inteira debruçada
Que não revela nem mágoa nem furor
Em cada beijo relembro o teu amor
De uma lembrança tão antes relembrada

Essa alegria que surge iluminada
Em teu semblante tão manso de louvor
Revela a face perfeita em tua cor
Que em meu peito com brando fez morada

Te dou meu ar, minha vida meu destino.
Acendo à chama e aprendo em teu ensino
Pois já não vivo sem ti, sem tua prece.

Meu coração que paralisado pula
É meu amor que por ti nunca se anula
Por que uma aranha invisível é quem o tece.

Pintura do tempo

Como é vasto o céu das amplidões
Não há sol que consiga iluminar
De que importa chegar a algum lugar?
Surgem vácuos sem ter povoações.
Concentrando-se ao ar hesitações
Anoitece e o luar vem modelado
O vasio do espírito indomável
Conta história de hereditariedade
Um pincel de lembrança é a saudade
De quem vive a imagem do passado.





O
cavalo assassino causa espanto
Vem do sul para o norte em quatro ventos
Refletindo em meros pensamentos
Cantaria eu morto o próprio canto
Retardado em silêncio calo ao pranto
Pela força de ver configurado
Cheira à morte um jardim abandonado
Emudeço sem ter capacidade
Um pincel de lembrança é a saudade
De quem vive a imagem do passado.