terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Galope a beira mar

SE BEBO A CACHAÇA DOS DIAS TRISTONHOS
FICO EMBRIAGADO PEDINDO ALEGRIA
NA PURA RESSACA DA GRANDE POESIA
TOMANDO A GLICOSE DO MUNDO DOS SONHOS
PERCO A CONSCIÊNCIA E OS DIAS MEDONHOS
NO ÁLCOOL DA VIDA, FAZ EMBRIAGAR
EU PEGO A SAUDADE E FICO A SONHAR
E A MENTE CANSADA É TUDO O QUE GANHO
CURANDO A RESSACA COM DOSES DE BANHO
DO PURO IMPROVISO NA BEIRA DO MAR

RENATO SANTOS

Se eu pudesse eu voltava ao passado Só pra nunca trair o nosso amor

Um amor que se acaba numa esquina
Tem começo num ato mal pensado
Feito um grande idiota o namorado
Por trair cola o selo em sua sina
E ao trair o amor dos dois termina
Que a mulher com a essência de uma flor
Abandona esse amor tão traidor
E pra ela ele diz desesperado
Se eu pudesse eu voltava ao passado
Só pra nunca trair o nosso amor

Glosa: Renato Santos
Passarinho, a cantiga mais modesta
Que existe nos campos do sertão
Mas se é preso nas grades do alçaprão
Seu cantar é de dor, não de seresta
Porque é violeiro da floresta
Mas caiu na arapuca de um viveiro
Era livre e agora é prisioneiro
E a gaiola é que passa a ser seu ninho
Toda vez que se prende um passarinho
Diminui na floresta um seresteiro

Glosa Renato Santos
Mote: Felizardo Moura

"Quem corre atrás do passado Dá ré na felicidade"

Quem corre atrás de cachaça
Ou é saudade ou amor
Quem vive a beber licor
É pra esquecer a desgraça
Um amor é grande graça
Se tiver sinceridade
Se acaba tendo maldade
A volta é caso encerrado
"Quem corre atrás do passado 
Dá ré na felicidade"

Renato Santos

Súplica para Deus

O apelo que faço ó meu senhor
Não é para ter bens materiais
Ter amor, ter saúde e algo mais...
É chover no sertão, meu grande amor
Que o povo carece de calor
Que a chuva conforta e faz crescer
A semente que o peito faz nascer
Sertanejo com glória diz assim
Ó meu Deus para não chegar o fim
Por favor, ouça nós, faça chover.

Renato Santos

Mote: Como morrer de saudade Se é de saudade que vivo?

Procuro uma explicação
Para a saudade viver
E ver tanto amor morrer
Como uma rélis paixão
Nas brechas do coração
Existe um adjetivo
Onde meu mundo é nocivo
E uma pergunta me invade:
Como morrer de saudade
Se é de saudade que vivo?

Renato Santos

A gente ou nasce com dom Ou morre e não chega a isso

O Arquiteto arquiteta
O Professor mostra o rumo
O Pedreiro apruma o prumo
O Geógrafo cria a meta
Falou poesia é Poeta
Trabalhou é compromisso
Faltou trabalho é omisso
E nem todo trabalho é bom
Que a gente ou nasce com dom
Ou morre e não chega a isso

Renato Santos

Como é grande e bonito o nosso amor

Tão gigante igualmente o oceano
Tão salgado igual lágrimas no rosto
Tão sublime igualmente um sol já posto
E tão errado igualmente o desengano
Tão modesto um modesto fazer plano
Tão distante um poeta, um trovador
Tão errante um sublime beija flor
Tantos "tão" prum cenário tão perfeito
Talvez sirva pra gente ver direito
Como é grande e bonito nosso amor.

Mote: Cicinho Moura
Glosa: Renato santos

Desejos secretos

Meus desejos de ter uma paixão
São secretos pra ela, não pra mim
E para não machucar meu coração
Guardarei o segredo até o fim
Quem de beijos roubados se arrisca
Ou de abraços tão falsos se belisca
É deixar os seus atos tão a esmos
Em pulsares de amor, somos discretos
Já que os nossos desejos mais secretos 
Quase sempre é secreto pra nós mesmos.

Renato Santos

Fingindo não ver

Bem distante pensava em nosso amor
Quando em mente te vejo tão sublime
Dois amores jogando em mesmo time
Mas que pena que tu não deu valor
Eis que lá no horizonte a tua cor
Aparece em traços de ilusão
Me virei pra não ver nossa paixão
Que você maltratou igual um bicho
Eu fingi não te ver só por capricho
Para ver qual a sua reação

Renato Santos

todo dia a noitinha eu faço um verso

O que é para sempre no amor
É o momento que acaba a relação?
Se isso pra sempre, é de ilusão
E o amor era falso e sem valor
Um amor não se acaba é como a flor
Mesmo morta nasce outra igual a ela
Mas igual a você linda donzela
Nunca vi nem nasceu no universo
E todo dia a noitinha eu faço um verso
E entrego pra estrela que é mais bela

Renato Santos

Mote: Tô fumando o cigarro da saudade E a fumaça escrevendo o nome dela

Um decreto de lei no coração
Permitiu que o amor de lá não fuja
Mas amor que é trancado se enferruja
E se acaba assim a relação
Vamos logo mudar essa visão
Que o processo de amar é uma coisa bela
É a cor mais perfeita da aquarela
Quando penso a lembrança me invade
Tô fumando o cigarro da saudade
E a fumaça escrevendo o nome dela

Renato Santos

Limites?

Subo serra enfrento frio
Enfrento até furacão
Enchentes e erupção
E até nado contra um rio
Faço o legal ser sombrio
E até bebo veneno
Sou chuva, não sou sereno
Não sou como os que desistem
Porque limites existem
Para quem pensa pequeno

Renato Santos
 

A dor da saudade

Não há dor que com um beijo não se cure
Nem poeta sem ter inspiração
Não existe um amor sem ter paixão
Nem alguém para alguém que não procure
Não existe um amor que pouco dure
Pois amor que é amor sempre faz bem
Mas se existe saudade é ruim também
Pois saudade é um estado lastimável
Não há nada de mais insuportável 
Do que a dor da saudade de alguém.


Renato Santos

Um peito capaz de amar

Por amar um alguém que me queria
Tropecei no caminho da ilusão
Feito bobo entreguei meu coração 
E entreguei logo a quem não merecia
Eu jurava pra ela todo dia
E pequei justamente por jurar
Fiz a divida sem ter como pagar
Pois então pra pagar só tem um jeito
Te entrego a chave do meu peito
Conquistando o direito de te amar.

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Como uma criança ama o chiclete
Te garanto que assim também te amei
Mas eu fui teu criado e não teu rei
Você foi a mulher eu o pivete
Afiada igualmente um canivete
E eu tolo sem gume pra cortar
Acabaste então por me enganar
Por gostar muito mais de outro sujeito
Me devolvas a chave do meu peito
Só assim nunca mais irei te amar

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Como posso meu Deus amar assim?
Se meu peito agora esta sofrido
Como posso esquecer que fui traído?
Se ao revê-la só lembro do ruim
Quem garante que a traição tem fim?
Se este fim novamente quer voltar
Se beijar sua boca lembra o mar
E este beijo salgado é sem proveito
Fecharei de uma vez este meu peito
Acabando a vontade de te amar

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Mas quem sabe se um dia o tal destino
Colocar novamente um embaraço
Por ventura jogar-te em meu abraço
Meu abraço, abraço de menino
Pode ser que eu me torne um clandestino
No teu ventre de amor a navegar
Possa ser que eu retorne a te beijar
Se você quer voltar eu te aceito
Mas mantenho fechado aquele peito
Evitando a cobiça de te amar

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Vou tentar replantar uma semente
Que me trouxe alegria e desventura
Desta vez regarei-a com ternura
Pra colher o seu fruto sorridente
Nem que eu passe por tudo novamente
Com pureza suas folhas vou regar
Se por ela eu porem me apaixonar
Tentarei corrigir qualquer defeito
Pedirei o perdão para meu peito
Reabrindo o desejo de te amar

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Como o mundo dá voltas indo embora
Tu se foste também do meu reduto
Se eu te quis novamente um só minuto
Foi pra ter o prazer por uma hora
Te usei não te quero mais agora
Eu acabo porem de me vingar
E meu corpo fedido por te usar
Te devolve em dobro o teu mal-feito
E chorando aprisiono em meu peito
As correntes pesadas de te amar

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Vive agora chorando o dia inteiro
Dissabores eternos degustando
Seu pecado na mente atormentando
Corroendo o seu corpo por inteiro
Já tentou me comprar com seu dinheiro
Mas dinheiro com a mão dá pra rasgar
O seu crime eu só posso perdoar
Quando um dia sem vida eu for pro leito
Te direi lá do fundo do meu peito
Fui feliz por um dia te amar.

Renato Santos

São Paulo

A capital da saudade
Refúgio da ilusão
Do Brasil maior cidade
Lugar da imaginação
Mas é também na verdade
Distrito da solidão.


Renato Santos

DEZ minutos de amor sendo com ela Vale o resto da vida sem amar.

UM segundo de amor vale um milhão
DOIS olhares já são suficiente
TRÊS ou QUATRO sorrisos de repente
Dão-me CINCO motivos de paixão
SEIS caminhos pra ter teu coração
SETE modos porém pra te beijar
OITO vezes amor, posso sonhar
NOVE vezes você é a mais bela
DEZ minutos de amor sendo com ela
Vale o resto da vida sem amar.


Renato Santos

Florescendo o sertão novamente

Quando a chuva ao cair na capital
Tinge o céu de anil como uma uva
Ai meu Deus se o lugar para essa chuva
Fosse lá no sertão que passa mal
Onde a terra ouve o canto do chacal
Capital, tu reclamas se chover
Basta apenas o céu escurecer
Que na massa do povo há negação
Mas se a chuva voltar para o sertão
Com certeza o sertão vai florescer


Renato Santos

Que eu só troco o infinito desse mar Por açude e barragens do sertão

Como sou do sertão de Pernambuco
Sou da terra do frevo e poesia
E Exalto o sertão com harmonia
E se eu não fosse poeta era maluco
Em Recife ao lembrar o Mameluco
Vejo pura poesia e emoção
Que ao lembrar dos poetas do meu chão
Sinto o cheiro dos versos pelo ar
Que eu só troco o infinito desse mar
Por açude e barragens do sertão

Eu não troco o falar de meu oxente 
Que o sertão tanto esbanja no seu povo
Eu não troco o me
u bom cuscus com ovo
Pelo peixe tão cru de muita gente
Eu não troco o meu clima mesmo quente
Pelo frio que o sul tem por questão
Bem prefiro o meu céu, doce ilusão
Pois aqui nem estrelas posso olhar
Eu só troco o infinito do teu mar
Por açude e barragens do sertão.

Renato Santos

O mar no sertão

Vejo o mar tão gigante e tão bonito
E as vezes a mente eu ponho em prova
Se depois do horizonte há terra nova
Porque vejo este mar tão infinito?
Quantos ecos perdidos de algum grito
Se perderam por sua imensidão?
Tanta água pra pouca ilusão
Por que água salgada é sem proveito.
Mas eu sei que teria outro efeito
Caso o mar pertencesse ao meu sertão.

Renato Santos

"Se respeito é pra quem tem, Eu respeito quem merece"

Se quem anda encontra pista
Quem trabalha Deus ajuda
A vida de quem não muda
Não muda a vida com vista
Eu sempre faço uma lista
Mantenho longe o estrece
Fujo de quem me aborrece
Mas vivo sempre de bem
"Se respeito é pra quem tem,
Eu respeito quem merece"


Renato Santos
 

Só sabe a cruz quanto pesa Quem tá carregando ela

Me apaixonei é verdade
E hoje sofro de paixão
Sinto no meu coração
Bater a mão da saudade
Sem ter a capacidade
De dizer para a donzela
Que meu peito é todo dela
Minha mente fica lesa
Só sabe a cruz quanto pesa
Quem tá carregando ela


Renato Santos no mote de João Paraibano

Não sou o que você quer Mas tenho o que você gosta

Não sou bonito é fato
Não tenho carro ou dinheiro
Só tenho por prisioneiro
Esse meu nome Renato 
Tudo o que compro é barato
Mas faço até uma aposta
Ou melhor, uma proposta
Venha me provar. Mulher:
Não sou o que você quer
Mas tenho o que você gosta


Renato Santos no mote de Mirely Gomes

De que vale eu te dar o meu amor Se não posso ganhar teu coração?

Se eu contasse o que sinto eu bem diria
Que amar prejudica o meu reduto
Não consigo esquecê-la um só minuto
E é por isso que sofro em poesia
Se eu pudesse ver ela todo dia
Todo dia aumentava essa paixão
E feito bobo eu sofro essa ilusão
Que destroi o meu peito sonhador
De que vale eu te dar o meu amor
Se não posso ganhar teu coração?


Renato Santos
 

Se teu beijo matasse quem beijasse Eu beijava sabendo que morria

Se teus olhos tem brilho do luar
O teu riso reflete a perfeição
Teu olhar conquistou meu coração
E é bem fácil por ti me apaixonar
Muito amor e carinho posso dar
Por você um milhão eu bem daria
O meu peito completo entregaria
Só pra ter um minuto a tua face
Se teu beijo matasse quem beijasse
Eu beijava sabendo que morria


Renato Santos
 

Você pode pedir pra eu me afastar Só não pode obrigar-me a te esquecer

Ao jurar que amava você fez
Eu jurar compromisso entre nós dois
Entretanto esqueceu, pois bem depois
Foi correndo pros braços de um “talvez”
Nem deixou-me chegar na sua vez
E abraçou outros braços por querer
Não deixou nem ao menos parecer
E hoje em dia nem pensa em me amar
Você pode pedir pra eu me afastar
Só não pode obrigar-me a te esquecer

Prometestes pra mim que entre a gente
O romance seria o mais bonito
Tatuei o seu nome no infinito
E gravei sua imagem em minha mente
Teu abraço meu corpo ainda sente
Esqueci entretanto de beber
O remédio que tomo pra poder
Todo mal que fizestes me curar
Você pode pedir pra eu me afastar
Só não pode obrigar-me a te esquecer

Peça tudo que esteja ao meu alcance
Peça a lua, as estrelas o espaço,
Ou somente o calor do meu abraço
Que eu posso te dar um bom romance
Se quiser acabar o nosso lance
Meu amor não esqueça de viver
E se lembre de não se esquecer
Nosso amor pode até se acabar
E você pode pedir pra eu me afastar
Só não pode obrigar-me a te esquecer.

Você veio acabar a relação
Que juramos na frente do altar
Prometemos pra sempre nos amar
E a prova é a aliança em cada mão
É uma pena porém que o coração
Ao teu lado não vai envelhecer
Pois estais tão cansada de saber
Poderei de você me separar
E você pode pedir pra eu me afastar
Só não pode obrigar-me a te esquecer


Renato Santos

Retirei seu retrato da carteira Sem tirar seu amor do coração.

Nosso trato foi belo e singular
Que o plural entre nós não existia
Eram dois em um só -quanta alegria
É uma pena que teve que acabar
E você ainda veio me lembrar
De te dar a maior recordação
Um retrato tirado na ilusão
Foi a foto perfeita, e derradeira
Retirei seu retrato da carteira
Sem tirar seu amor do coração.


Renato Santos
 

Retirei a aliança do meu dedo Sem tirar seu amor do coração

Já tirei a ilusão de minha mente
Que você não desisti dessa história
De sair e acabar com nossa glória
Que vivemos unidos plenamente
Nossa história de amor foi diferente
Que era bela demais nossa paixão
Mas você me pediu separação
Eu te dei, mas te dei com muito medo
Retirei a aliança do meu dedo
Sem tirar seu amor do coração


Renato Santos

Quimera

Construí meu castelo de amor
No terreno de nosso coração
Deixei planos jogados no colchão
Onde moças perderam seu valor

Procurei te entregar o meu calor
Através de meus beijos de paixão
E inclusive te dei toda razão
Para nunca esfriar nosso fervor

Mas mulher não mais gosta de homem sério
Eis que um dia eu descubro o teu mistério
Você sempre traiu como uma fera

E eu pensei que o amor que existia
Não seria acabado, era magia
Só que nunca passou de uma quimera.

Renato Santos

ISSO FOI SUFICIENTE PARA EU FAZER POESIA

Quando eu chego no sertão
Vejo mainha chorando
Meu pai já vem me abraçando
Com aquela expressão
Eu sinto o cheiro do chão
Que me traz muita alegria
Vejo os amigos que um dia
Joguei bola no chão quente
ISSO FOI SUFICIENTE 
PARA EU FAZER POESIA

Puxo o verso da caxola
Vejo tudo grande e belo
Onde perdi meu chinelo
Em um pé de castanhola
O coelho da cartola
Sai de noite ao fim do dia
Nos bares vejo harmonia
Logo bebo um aguardente
ISSO FOI SUFICIENTE
PARA EU FAZER POESIA

Meus amigos me esperando
Para sair para a festa
Que lá no sertão só presta
Se for um forró tocando
Vejo um vaqueiro aboiando
Em forma de cantoria
Meninas na academia
Numa malhação latente
ISSO FOI SUFICIENTE
PARA EU FAZER POESIA

Vejo um cachorro engajado
No rabo de uma cachorra
Bêbados tocando a zorra
Chega um soldado do lado
Um jumento amarrado
Rinchando sua agonia
Pedindo sua alforria
Rincha e bufa novamente
ISSO FOI SUFICIENTE
PARA EU FAZER POESIA

A noite o céu estrelado
Esbanja graça e beleza
Vejo as mãos da natureza
No mato acinzentado
Basta um sereno arroxado
Que acontece a magia
O verde no outro dia
Tinge o sertão novamente
ISSO FOI SUFICIENTE
PARA EU FAZER POESIA

A formiga trabalhando
Cortando as folhas de leve
Um moleque que se atreve
Vai todas elas matando
Vejo um velho reclamando
Da dor que a idade inicia
Um povo com nostalgia
Que esbanja um olhar sorridente
ISSO FOI SUFICIENTE
PARA EU FAZER POESIA

Eu sinto tanta saudade
Desse cenário natal
Morando na capital
É outra realidade
Vejo ambição, falsidade,
E um povo sem alegria
Mas irei voltar um dia
E ao sertão direi contente
Tu foste suficiente
PARA EU FAZER POESIA

Glosa Renato Santos
Mote de Tamires da Cachoeira