terça-feira, 30 de junho de 2015

INCONSTANTE

Já sorri quanto o pranto quis descer
E chorei pra expressar o meu sorriso
Eu já tive certeza sem saber
Que da dúvida se faz o que é preciso

Eu já tive mania de poder
Sem poder já fiquei muito indeciso
Muitas vezes já quis até morrer
Pra viver outra vida ao paraíso

Nessa minha inconstante indecisão
Procurei encontrar a solução
E no fim encontrei minha fraqueza

Eu confesso o meu crime sem lamentos
Já matei um milhão de sentimentos
Mas foi tudo em legítima defesa

Renato Santos

MOEDA DE DUAS CARAS



Tantas noites trocadas em segredos
Nós vivemos com nossas liberdades
As angústias, os fatos e os medos
Desabafos, piadas e verdades


Nossos versos pra nós foram brinquedos
Que trocamos com tais felicidades
Os conselhos, os risos e os torpedos
Hoje em dia entre nós é só saudades


O orgulho é feroz e nos consome
E se um dia ela ouvir falar meu nome
Vai fingir que jamais me conheceu


E eu também igualmente irei te olhar
Muita coisa em meu peito vai passar
Mas farei igualzinho ao gesto teu


Renato Santos

segunda-feira, 22 de junho de 2015

É melhor ler Vinícius de Morais
Do que ir pr´uma festa de balada
Eu prefiro uma estrofe bem rimada
Aos efeitos que a vil bebida traz
Uma noite em casa com meus pais
Só agrega valor a vida minha
O café com meus pais de manhãzinha
Faz meu peito ganhar mais emoção
E uma noite de festa ou curtição
Não se iguala a um minuto com mainha
No amor o poeta certamente
É quem traça os caminhos mais completos
Fala mais de um milhão de dialetos
E olhar que ele tem é diferente
Ele enxerga o que existe em muita gente
Com o olhar puritano e cristalino
Sabe as rotas completas do destino
A saudade é a sua estrela guia
E onde há um rabisco de poesia
Sempre existe um sorriso feminino

Renato Santos​
Me conecto na rede e logo vejo
A mulher que eu amo ali presente
Ela online, tão perto e tão ausente
E ainda assim sinto o gosto de seu beijo.
Seu sorriso aguçando o meu desejo
Na penumbra de seu saudoso olhar
O seu brilho enfeitiça e faz sonhar
E essa rosa perfuma o meu valor
Bem quisera eu poder ser beija-flor
Pra voar até ela e lhe beijar
(Foto no Beco de Laura - São José do Egito)


Um lugar que contagia
Nos trazendo infecção
E o vírus da inspiração
Infecciona a poesia
Sou enfermo com alegria
Vejo o vírus a olho nu
E quebro qualquer tabu
Por esse amor que me instaura
O antídoto: BECO DE LAURA
Minha cura: O PAJEÚ

Renato Santos
Nosso amor apesar de ter um fim
O desejo de vê-la não me deixa
E apesar de não ter nenhuma queixa
Eu me queixo em querê-la tanto assim
Esse peito cruel que bate em mim
Só procura por quem o faz sofrer
E apesar desse peito em mim bater
Por bater só por ela é que ele apanha
Me abraça me beija e me arranha
Que eu te abraço e te beijo até morrer
Te encontrei meu amor, eu te encontrei
Mas foi Deus quem mandou tão lindo ser
Dentre tantas que um dia eu pude ter
És a musa dos sonhos que sonhei.
Coração disse espera, e eu esperei
Pra te achar e te ver linda morena
És a rosa mais bela de açucena
Nossos laços serão laços iguais
Hoje já não preciso esperar mais
Que a espera, meus Deus, valeu a pena!

POEMO PRA NÃO CHORAR

Quando as águas da saudade
Me afogam na imensidade
De um oceano de prantos
Eu nado contra a corrente
Vou fingindo estar contente
Quando os problemas são tantos

Sou louco por natureza
Mas tenho plena certeza
Que minha loucura é sã
E vou festejando a paz
Do bem que encontro nos ais
Dos encantos da manhã

Sou eu mais outro palhaço
Que ri dos versos que faço
Zombando de qualquer jeito
Que ao bem da humanidade
Não há quem sinta a metade
Da dor que trago em meu peito

Um ator quisera eu ser
Para fingir e poder
Disfarçar os meus problemas
Sorrindo e fazendo caras
Minhas nostalgias são raras
Mas vivem nos meus poemas
Já que não sou um ator
Sempre quando sinto dor
Eu tenho que disfarçar
E por traz da minha alegria
Me escondo na poesia
E poemo pra não chorar
O batom que ela usou ficou manchado
Tatuado em meus lábios com seu cheiro
E apesar de meu corpo estar inteiro
O meu peito é que está despedaçado
Um olhar, um adeus e apaixonado
Eu fiquei sem olhar sem beijo e ela.
Impossível viver sem pensar nela
Sem seus beijos, seu cheiro e seu sabor
"Os meus olhos chorando estão da cor
Do batom que contorna a boca dela"
A saudade em meu peito está cravada
Feito o ferro ferindo a carne crua
Sem ter mais o sabor da boca tua
Eu não tenho razões pra ser mais nada.
Minha alma ficou despedaçada
Quando eu vi que perdi a flor mais bela
Sua ausência deixou-me uma sequela
Inflamando meu peito em grande dor
"Os meus olhos chorando estão da cor
Do batom que contorna a boca dela"

PRIMEIRO DE ABRIL



Acordei e te vi ali sentada
Do meu lado da cama assim estava
Uma blusa de renda decotada
E olhos postos em mim tu me olhava
Sua boca movendo-se me encantava
Logo assim que te ouvi não disse nada
Procedi o que você me falava
Que queria ser minha namorada
Processando essa nova informação
Eis que sinto queimar no coração
Sentimento de raiva e muita ira
Fiquei bravo, te olhei, você sorriu
Olha a data: Primeiro de Abril.
Era apenas o dia da mentira
Se quiser não precisa nem falar
Eu resolvo essa estória entre nós dois
Para quê adiar para depois
Esse fim que insiste em nos achar?
Tentarei não lembrar de teu olhar
E esse riso perfeito que me afeta
Teu encanto aumentou mas não completa
Esse sonho de amor onde me iludo
E se for pra ser ex que seja em tudo
Ex-amor, ex-amigo e ex-poeta.

domingo, 21 de junho de 2015

Sem dar chances pra minha explicação
Disse adeus, me evitou e foi embora
Co'a tristeza eu ganhei inspiração
Pús saudade pra dentro e um riso fora.
Me pedindo desculpas disse: "é o fim
Vou te desativar, melhor assim."
Aceitei que assim fosse e digo mais
As palavras são cheias de mistério
Se algum dia quiser levar-me a sério
Possa ser, linda flor, tarde demais
Foi você quem pensou em desistir
E eu não sei explicar o nosso impasse
Se quiser com palavras me agredir
Ofereço na hora a outra face
Quando vais te dar conta que é tolice
Essas tantas palavras que me disse
Sem te ter meus poemas são mais fracos
Se quiser me bater não vou ligar
Afinal, de nós dois só vai restar
Um final sem começo e um peito aos cacos
Só que há tempo pra ter tempo e mudar
E eu não sei se tu vais te arrepender
Minha noite sem ti não tem luar
Meu viver sem você não é viver
Mas enfim, os caminhos são traçados
Não existem futuros sem passados
E essa nossa história está passada
Se achar que o erro é todo meu
Vai mostrar que tu não me conheceu
Me perdoe, mas não posso fazer nada.
És a musa sublime do meu verso
A Rainha dos sonhos que eu sonhei
Em teus lábios me vejo submerso
Dando os beijos em quem nunca beijei
Quando vejo os teus olhos de safira
Me questiono, meu Deus será mentira
Que essa dama jamais olhou pra mim?
E a resposta me vem no mesmo instante
Sei olhar é uma pedra de brilhante
E não perde o seu tempo agindo assim
Sua pele dourada me envenena
Sua boca me chama para o beijo
Será crime fatal te amar, morena
Ou meu crime é sentir esse desejo?
Teu sorriso envolvente me alucina
E essa voz de mulher, doce menina
Me faz crer que ao teu lado é meu lugar
Só me falta coragem pra dizer
Que te quero te amo e assim te ter
Linda flor o meu sonho é te amar
O céu foi o palco de nossas ternuras
A rua o convite pra nossos desejos
A boca o contrato assinado aos beijos
Com firma em cartório repleto de juras
O amor e as carícias são assinaturas
Que juntos podemos nós dois assinar
Foram testemunhas o céu o mar
E as muitas estrelas nos viram se amando
E as ondas na praia a nós contemplando
Na areia branca à luz do luar

SEM DATA


Não dou data a poesia (por essência)
Nem critico quem data a sua obra
Meço o verso que faço -sem dar sobra,
Pra defeito nenhum ganhar ciência.

Agradeço ao senhor da onipotência
Que aumenta o saber que tenho em dobra
Ser poeta é entender que o verso cobra
Compromisso, empenho e diligência.

Não! Não sou de datar a poesia.
Acredito que tudo que se cria
Se for bom, deixa um rastro de saudade

Se o poeta e seu verso tiver sorte
Vai viver, certamente, após a morte
E 'sem data' ficar pra eternidade.

UMA CARGA PARA DOIS

Eu não sei dar razão a quem não quer
Nem um gole do néctar do amor
Que o remédio que cura qualquer dor
Se encontra nos lábios da mulher

Não que eu venha querer uma qualquer
Para ser do jardim a minha flor
Nunca fui Don Ruan conquistador
Eu aceito o que a vida me trouxer
Mas almejo um alguém que como eu
Tenha junto também no peito seu
Essa carga que a mim há tanto afeta
Esse dom que o bom Deus pra mim dispôs
Dividindo essa carga para dois
Quero alguém com uma alma de poeta.
Há quem busque nas drogas seu destino
Se acabando no pó da cocaína
Eu prefiro cheirar uma menina
Me acabar no sorriso feminino
A mulher é um ser puro e divino
Que encanta a pessoa que quiser
É sublime e perfeito seu mister
Tudo isso provando uma verdade:
Há um cheiro de amor e de saudade
No frescor do cangote da mulher

Não busco ser grande na arte poesia
Esbanjo alegria dos pés à cabeça
Talvez tenho mais do que eu mereça
Mas tudo que tenho, tenho com honraria
O poeta expressa tudo que ele cria
De forma singela que nos faz sonhar
Enfrenta tornado, deserto e mar
Sem temer perigo jamais se amedronta
Eu mesmo só fico com a mente mais tonta
Se conto as estrelas à luz do luar
Nosso amor é eterno na memória
Pelo tempo que fomos tão felizes
Mas os beijos deixaram cicatrizes
No percurso da nossa trajetória
O processo de eterna precatória
Com certeza no fim não nos fez bem
Eu perdi seu amor você também
Me pediu 'habeas corpus' pra paixão
Não há lei que condene um coração
Que deixou de amar um certo alguém
Já tentei cochilar mas não consigo
Busco o sono, é inútil ele não vem.
Talvez seja a saudade de alguém
Que apenas me vê só como amigo
Eis que o sono me encontra e assim, consigo
Uma forma melhor pra descansar
Se adormeço e com ela vou sonhar
A certeza total é me iludir
"De que vale uma cama pra dormir
Se a saudade não deixa eu cochilar"
A distância separa os corações
A estrada convida a qualquer preço
Apesar de saber teu endereço
Só remeto a você minhas ilusões.
Tantos sonhos ternuras e emoções
Fixaram-se à imagem desse alguém
Um sorriso e olhar que outra não tem
Que apesar da distância vive em mim
Te amar tão de longe é muito ruim
É de perto que a gente se faz bem
Me perdi nos caprichos da ilusão
Na hipnose frenética de um olhar
Descobri em você o meu lugar
Me entregando ao feitiço da paixão
Num sorriso entreguei meu coração
E só lágrimas sem riso hoje derramo
Só teu nome em meus sonhos é que eu chamo
E o meu mundo sem ti desmoronou
"E se ouvires dizer que alguém te amou
Eu duvido que amou como eu te amo"
Quando a vida da gente encontra o passo
E o olhar mais perfeito é o mais comum
Quando o peito dos dois bate por um
Um sorriso abre as portas de um abraço
Quando o nó do amor desata o laço
Não existe um limite pra censura
E o 'pra sempre' se torna a melhor jura
No contrato do amor pra eternidade
Quem na vida descobre o que é saudade
Adoece de um mal que não tem cura

ÀS MORENAS

Foi no doce dos lábios da morena
Que eu provei da essência mais sublime
Que talvez ter provado foi meu crime
E até hoje esses lábios me envenena
Eu provei dessa flor pura e serena
Que perfuma os lábios que a beijar
E eu botei essa flor em meu pomar
Pra dar cores e vida ao meu canteiro
O perfume envolvente de teu cheiro
Me fez crer que ao teu lado é meu lugar

ÀS LOIRAS

Tem a loira a beleza de uma rosa
E o perfume envolvente dos destinos
Sua pele de leite em traços finos
Conjetura a essência mais formosa
Seu sorriso é a arma caprichosa
De hipnose total pra quem fitar
E no simples capricho de um olhar
Tem a máxima nota de beleza
Toda loira é uma mina de riqueza
Loteria que o homem quer ganhar
Renato Santos
Toda jura de amor tem um porém
Que não fica bem claro no contrato
Apesar da saudade não ter tato
Ela toca no peito e não faz bem.
Toda ideia de amor vai sempre além
E a paixão é uma forte sentinela
Tem no fim de uma noite a imagem bela
E os lençóis amassados entre os dedos
"Toda noite de amor tem mil segredos
Que somente uma cama nos revela"
Delicado eu dormi pensando nela
Os meus dedos correndo em suas curvas
E meus lábios tocando as partes turvas
Te guardando igualmente um sentinela
Na iminência de ter um beijo dela
Resolvi em seu corpo percorrer
E na ânsia do dia amanhecer
Lhe abracei pra sentir seu doce cheiro
Teu suor percorreu meu travesseiro
Colocando uma noda em meu viver
Tantos versos que fiz pra teu louvor
Eu pintei o teu rosto em carbonato
Mas no fim eu nem tenho o teu retrato
Pra guardar na carteira do amor
Sem você perco todo o meu valor
E até penso que nunca irei ganhar
Os seus beijos de amor, e o seu olhar
Tatuei cada traço no meu peito
De que vale eu tentar fazer Direito
Se não tenho o direito de te amar?
Renato Santos

ELAS


Sem ganhar o afeto de ninguém
Dei carinho e dinheiro as raparigas
Eu que sempre apostei e joguei bem
Mas perdi no amor todas as brigas
Fui o alvo certeiro das intrigas
Destas lutas mortais que a vida tem
Vá correndo contar para as amigas
Que me vistes chorando por alguém
Vai contar que amei sem ser amado
Fala a elas que estou apaixonado
Diz pra elas que a dor ainda me invade
Fala a elas que vivo desse jeito
Me entregando aos desmandos do meu peito
Mas não falas que morro de saudade
Me perdendo nas vias da paixão
Vivo louco de amor sem ter amores
E por traz dos sorrisos minhas dores
Assassinam meu pobre coração.
No casulo da minha solidão
Não enxergo horizonte olhando o fim
Minha vida também não é tão ruim
Há quem viva pior -eu imagino
"VIVO TRISTE POR CAUSA DO DESTINO
E A SAUDADE CORRENDO ATRÁS DE MIM."
Renato Santos
Mote Manoel Xudu Sobrinho
Se não for pra te amar e te beijar
De que vale viver dessa maneira?
Se não posso tocar tua pele inteira
De que serve somente imaginar?
Pra que tanta beleza no olhar
Se não for pra deixar-me em disparada?
Se teu peito não segue a mesma estrada
Não me culpe, por Deus, se eu te reclamo
Se não for pra dizer que eu te amo
Eu prefiro, meu bem não dizer nada!

À FLOR DOS MEUS DIAS, MAINHA



Mamãe é um fato nas minhas vitórias
Enquanto eu fui feto no ventre do amor
No colo materno recebi calor
De seus nutrientes ergui minhas glórias

Em cada sorriso tem suas histórias
Em cada conquista tem o seu valor
E em todos os dias seu peito foi flor
Perfumando a vida de minhas memórias
Enquanto eu crescia vivi como feto
Pra minha alegria teu colo foi teto
E me protegeu das chuvas da vida
Encontrei guarida nos teus seios planos
Por mais que eu te desse um milhão de anos
Pra ti era pouco mãezinha querida
Posso até te ouvir, mas não confunda
Por pensar que eu te quero em minha vida
Que eu não quero uma moça oferecida
Que ostenta a beleza com a bunda.
Eu prefiro a beleza mais profunda
Da mulher que é bonita por destino
Comparado a um olhar puro e divino
Qualquer outra beleza é camuflada
Não existe beleza comparada
A beleza do riso feminino
Cento e trinta quilômetros de distância
Separando nós dois em carne e alma
E apesar de meu peito pedir calma
A saudade não quer conter a ânsia.
Teu pescoço cheiroso na fragrância
Do florata incensando meu viver
Mergulhando em teu corpo pra poder
Me afogar em teus lábios suculentos
A saudade matando a passos lentos
E o meu peito insistindo pra te ver
O meu peito é um cofre sem segredos
Já que as vezes amar nos deixa loucos
Os amores que tive foram poucos
E até dá pra contar em poucos dedos.
Os vazios, os tombos e os medos 
Que traduz a cegueira em surda e môca
Esse peito vazio é caixa ôca
Quem beijei me apagou feito borracha
"E pode ate beijar outro, mas não acha,
O sabor que deixei em sua boca"
Eu que sempre fui tão forte
O rei da ostentação
Me achava forte em paixão
E acabei sem rumo ou norte.
Arrisquei a minha sorte
Fui até inconsequente
Me envolvi com muita gente
Que tirou a minha paz
Eu já disse nunca mais
E fiz tudo novamente
O defeito entre nós foi simplesmente
Cada um não ser simples nos defeitos
Não pensar que o que um sente o outro sente
Apesar dos dois ter mesmos conceitos.
Cada qual atribui suas escolhas
Que os amores também são como as folhas
De papéis que tem fotos ou rabiscos
Há quem pinte um amor bem desenhado
E há quem deixe o papel todo amassado
Afinal, o amor também tem riscos
Se amar por demais for um defeito
O defeito maior é sermos fracos
Coração machucado vive aos cacos
Mas eu guardo os pedaços do meu peito
Se algum dia a ciência der um jeito
De curar esse mal que me envenena
Vou amar para sempre a cor morena
Mas se não houver jeito para cura
Vocês podem aprontar minha sepultura
Pois viver sem amor não vale a pena.
Você é uma incógnita complicada
Que extasia os semblantes masculinos
Os sorrisos e olhos mais divinos
Dando vida a minh'alma apaixonada.
Esse misto de olhar é uma charada
Que eu não sei se consigo desvendar
Já que os traços tão lindos desse olhar
São mistérios pra minha inteligência
Eu queria provar da tua essência
Pelo simples prazer de te beijar

Renato Santos
Seu sorriso era tudo que existia
Entre o belo, o infinito e o inexplicável.
Mas por conta de um ato irresponsável
Nem seus olhos pra mim tem mais valia.
Tanto fiz por quem pouco merecia
Muito menos daquilo que é tão pouco
Eu que um dia por ela fiquei rouco
Por gritar que a amava por demais
Nem banhada de ouro eu quero mais
Sou poeta meu bem, mas não sou louco.
Não se deixe enganar por aparência 
Que beleza também nos causa enganos 
E é inútil pensar em fazer planos 
Com alguém que é bonita e sem essência. 
Eu prefiro a mulher com eloquência 
Que é atenta, e bonita no que diz
Essa aí não nos deixa cicatriz
E o perigo é matar-nos de carinhos
Uma rosa, perfeita e sem espinhos
Faz o homem viver sempre feliz
.
Renato Santos
(Dona Maria das Dores, minha MÃE)


Foi teus nãos que me levaram 

Buscar o sim mais a frente 
Tuas lições me marcaram 
Me fez um homem decente. 
Teus tapas agradeci
Levei por que mereci
Refletir cada segundo
Te agradecer, assim, venho
Sou grato a Deus por que tenho
A melhor mãe desse mundo.

Renato Santos
‪#‎amelhormãedomundo‬
Sua vida é você quem me relata
Eu não quero detalhes abstratos
Nem exijo que a mim conte os relatos
De uma estória passada e inexata.
Minha história contigo é desta data
E pra frente é que nós vamos seguir
Almejar, planejar e construir
Que o presente é uma dádiva, e ao seu lado
Eu não busco saber de seu passado
O futuro é o que vale discutir.
Nunca entendi meu complexo
De querer tanto teu beijo
Se hoje eu já não desejo
Contigo nem mesmo o sexo.
Já não existe mais nexo
Pra tantos planos traçados
Pois os teus lábios manchados
Não completa a vida minha
Teu retrato é figurinha
De calendários passados
Quando o ar de teus lábios me enforcava
Calmamente eu ouvi a tua ira
Sou sincero em dizer que foi mentira
As verdades que a mim tu confessava.
Sem me amar me jurou que me amava
E sem jurar eu te amei enquanto pude
Sem poder ter poder tive atitude
E quebrei as algemas da saudade
Você pode mentir, minta a vontade,
Que mentindo você também se ilude
Ela tem o sorriso especial
Que enfeitiça a pessoa que a olhar
E eu não posso sequer imaginar
Encontrar como ela alguma igual.
Seu sorriso tem jeito angelical
Dando vida a pureza mais singela
Que a beleza da flor cheirosa e bela
É o cheiro e a beleza que ela tem
Não consigo encontrar em mais ninguém
A pureza do mel dos lábios dela
Pouco a pouco nós dois nos afastamos
Cada qual suportando as próprias dores
E pra não afastar novos amores
Eu preciso esquecer que nos amamos
Esse amor que nós dois assassinamos
Com o tempo eu pensei que esqueceria,
Mas quem mata um amor sem covardia
A saudade o visita de hora em hora
Eu matei esse amor, mas só por fora
Que por dentro ele cresce todo dia.

SONHEI QUE EU ERA POETA


Outra vez numa noite, assim, discreta
Sem saber onde ir para onde olhar
Eu deitei com a mente um tanto inquieta 
E chorei minha dor enchendo o mar
Eu senti a saudade me tocar
E provei do vazio que me completa
Debruçado ao colchão pude sonhar
E no sonho eu sonhei que era poeta.
Ao sentir do que a dor era capaz
Eu pedi pra poeta eu não ser mais
Já que a dor de ter dor me mataria
Acordado eu lembrei dos meus valores
E aceitei ser poeta e sentir dores
Pra fazer dessas dores poesia
Teu cabelo sereiado
Teu sorriso infectante
Tua voz alucinante
Teu perfume de pecado
Teu corpo violinado
Teu brilho encantador
Teu doce jeito de flor
Me faz sonhar acordado
Teu olhar acastanhado
Me deixa louco de amor
Pinto com a voz da bonança
Nos disse essa verdade:
"Saudade só é saudade
Quando morre a esperança"
Mas esse mal que balança
E ao coração afeta
Só deixa a mente completa
Lotada de pensamento
E é nesse exato momento
Que se revela o poeta

MERGULHO NO PASSADO



A lembrança me testa vez em quando
Pra saber se eu sou forte de verdade;
Pra saber se eu aguento uma saudade
Ou saber se eu estou no meu comando...
Mas confesso a lembrança, que eu não ando
Sem estar consciente e prevenida.
Levo sempre no bolso desta vida
Uma gota de choro bem guardada,
Se a saudade vier, volta aguada,
Que eu não sou de enxugar a dor caída.

Certa vez a lembrança fez lembrar
Do sabor da infância doce e pura
E eu me vi remontando a travessura
De voltar pro passado e lá ficar.
Vi Mãe Preta sentada a bocejar
Às seis horas da noite, o céu escuro,
Era a hora do sono estar maduro
E se a lua subisse, ele caía,
E ali mesmo sentada ela dormia.
(Como é bom, mãe, te olhar do meu futuro).

Vi vovô caminhando pro roçado
Com seu terno e chapéu a moda mato.
As passadas tão mansas do mulato,
Acusavam seu corpo já cansado.
Boi carreiro com nome de azulado
Bem marcado no lombo por ferrão
E vovó preparando a refeição
Em um fogo de lenha de angico.
Vi então que o passado era mais rico
Que um presente comprado a um milhão.

Avistei da janela da lembrança
Uma casa repleta de janela.
Ao entrar no salão vi logo a cela
Pendurada em um torno pela trança;
Mãe fazendo a Deus pai sua cobrança,
Debruçada nos pés de um oratório;
Pai voltando cansado do escritório
Onde a terra molhada era o patrão.
No passado enterrei minha visão,
Mas chorei ao voltar desse velório.

Umbuzeiro na porta da cozinha
Era pouso pro canto do vem-vem;
Já sentia-se o cheiro do xerém
Cozinhado com caldo de galinha;
No empenho da casa de farinha
Mandioca na mão do queitatú;
Preparava-se a massa pro beiju,
Pra levar para a mesa mais fartura.
E umbuzeiro pra nós era aventura
Pra subir e ficar chupando umbu.
A lembrança esqueceu só de um detalhe:
Esqueceu de lembrar de ir embora.
É que se ela se instala a toda hora,
Não existe uma dor que não se espalhe.
É melhor que ela então se amortalhe,
E me traga de volta pro presente.
E se um dia eu quiser testar a mente
Pra saber se eu aguento outra saudade
Eu te chamo, lembrança, e tu me invade
Pra mostrar-me o passado novamente.

Porque é que o país verde-amarelo Tá escuro demais pra muita gente?

Vejo um povo jogado numa fossa
Carimbando o seu voto já comprado
E se o presente é pior que o passado
Não se pode negar que a culpa é nossa.
Competir com o poder não há quem possa
Mas eu vejo uma estrada diferente
Vejo o povo clamando a dor que sente
Sem poder desfrutar de um sonho belo
Porque é que o país verde-amarelo
Tá escuro demais pra muita gente?
Vejo o roubo imperando no Congresso
E o dinheiro é do povo ali furtado
Senador, Presidente, Deputado...
Desviando as moedas do progresso
O pior é que o povo paga o ingresso
E assiste esse jogo irreverente
E o estádio da fome inconsequente
Grita olé assistindo esse duelo
Porque é que o país verde-amarelo
Tá escuro demais pra muita gente?
A flor antes de ser flor
Tem que ser logo um botão
E assim é uma paixão
Antes de virar amor
As vezes primeiro a dor
É que vem nos torturar
Mas fica a paz no lugar
Se a saudade vai embora
Não tem que ser tudo agora
Basta saber esperar
Quando as curvas do amor são sinuosas
E a estrada da dor engana a gente
Não conheço um vivente que não tente
Dirigir nessas curvas perigosas
As pessoas são muito corajosas
Percorrendo essas vias da paixão
GPS da vida é o coração
E sem ele a viagem é sem sentido
"Todo caso de amor interrompido
Faz o peito correr na contramão"
Renato Santos
Mote de Catarine Aragão

CONSTERNAÇÃO



Teto de estrelas céu de pensamentos
Escuro largo peito tão vazio
Calor lá fora, aqui dentro frio
Poucos segundos pra tantos momentos

Silêncio enorme, largo e fundo rio
Maré de sonhos, mar de sentimentos
Brisa nublada luz sem ter rebentos
Minha certeza é só que desconfio.

Calado grito sem dizer mais nada
E a minha voz tão presa sai calada
Embriagando o néctar de meu ser

E as minhas dúvidas são minhas certezas
De que minha vida é feita de tristezas
Pois n´alegria eu não sei viver
Sei que ainda há razões para voltar
A não ser que de fato me esqueceste
E se for esse o seu caso tu perdeste
Um poeta que vive pra te amar
Eu insisto em olhar o teu olhar
Que me corta ao me ver feito uma faca
Mas teu jeito envolvente se destaca
E eu não vivo sem ti em meu viver
Quem tentou me dizer pra te esquecer
Esqueceu de avisar que a carne é fraca
Tanta gente se ama e não tá junto
Tanta gente está junto e não se ama
E eu fico deitado em minha cama
Sem amor, sem poesia e sem assunto.
Muitas vezes deitado me pergunto
Como é que eu aceito me calar
E não digo a quem amo que a amar
Em segredo é o meu maior segredo
E todo dia eu a perco por ter medo
De poder meu amor lhe declarar.

QUEM ÉS TU?!



Me perdendo de mim pra te encontrar
No deserto dos mares dos teus braços
Mãos atadas querendo os teus abraços
Pés descalços querendo caminhar

Sem poder te beijar pude beijar
A ilusão de teus lábios tão reais
Só um sonho foi pouco e eu quis mais
De você que era muito e eu quis te amar

Frente a lua eu jurei mil universos
E entreguei pra você todos meus versos
Ó rainha de minha inspiração

Tu sois moça, mulher, tu sois donzela
És poesia, és poema, és flor, és bela...
És a métrica que faz meu coração

Renato Santos​

SEM SONO



Madrugada, silêncio e solidão
Quarto escuro, o amor nem sei quem é
Uma xícara manchada do café 
Que tomei pra espantar o sono, em vão.

Um desnível no meio do colchão
Um lençol enrolado em um só pé
Uma Bíblia do lado pra dar fé
A quem já se perdeu de coração

O vazio preenchido pela dor
Uma gota de lágrima sem ter cor
Percorrendo na face em linha reta

E a galáxia da dúvida em mim se expande
Tudo isso mostrando o quanto é grande
Uma noite sem sono de um poeta

Renato Santos​

GALOPES À SÃO JOSÉ DO EGITO

(Beco de Laura - São José do Egito)


São José do Egito, terra de onde venho
Erguer meu orgulho quebrar o tabu
Cidade poética lá do Pajeú
Que eu honro no sangue das veias que tenho
São José do Egito que tem seu desenho
Em toda memória que eu posso lembrar
Meu trono, meu vale, meu reino meu lar
Rede de descanso para meus cansaços
Assim que eu puder retorno aos teus braços
Nos dez de galope na beira do mar
Eu me orgulho muito de ter esses laços
Com essa cidade que se faz completa
Terra de poesia, poema e poeta
Que eu tanto me empenho em seguir seus traços
Cada novo encontro são milhões de abraços
Que até mesmo a alma se sente abraçar
Eu saí chorando e chorei pra voltar
Sem saber a data que retornaria
E vou chorar de novo se eu partir um dia
Nos dez de galope na beira do mar
Oferto meu verso com tanta alegria
Que expressar não posso do jeito que quero
Pois viver distante do chão que venero
Só faz a saudade virar poesia
Meu reino de encantos, minha estrela guia
Permita que eu sempre vá te visitar
Que um filho distante da mãe e do lar
Vivendo tão longe maldiz sua sorte
Mas volta dizendo que voltou mais forte
Nos dez de galope na beira do mar
Renato Santos

CULPA


Que culpa tenho ter nascido assim?
Se a dor do mundo sempre me invade.
Será amor que vive aqui em mim
Ou simplesmente dói por ser saudade?

As vezes choro, mas não acho ruim
Ruim é não ter alguém (uma metade)
Que nos completa, ama, cuida, enfim...
Eu sou feliz com a dor da liberdade

Minha tristeza me faz diferente
Pois sou assim por ser bem mais presente
Nos corações de quem exalta o amor

E essa culpa que tanto me afeta
Foi ter nascido assim, como poeta
Pra dar poesia e ter em troca a dor

Renato Santos​