sábado, 12 de outubro de 2013

Pedido de um menino pobre

Papai do céu peço a ti
Um brinquedo diferente
De todos que recebi
E com todos fiquei contente
Talvez seja covardia
Mas neste ano eu queria
Um brinquedo menos ruim
Desculpe ser tão elástico
Mas um carrinho de plástico
É o que peço pra mim

Papai não tá trabalhando
Dê-lhe um emprego decente
Mamãe não tá cozinhando
Não tem comida pra gente
Esqueça até meu carrinho
Mas faça devagarzinho
Cada um ser mais feliz
E desculpe este teu filho
Que perdeu todo o seu brilho
E pouco sabe o que diz

Minha casa é de madeira
De plástico e papelão
Bem no topo da ladeira
Do morro que desce ao chão
Ao chover choro bastante
A casa treme constante
E o morro sempre ameaça
Um mundo tão desigual
Só existo no Natal
Depois que outubro passa

Por ser assim desse jeito
Minha vida é complicada
Vereadores, prefeito
Prometem sem fazer nada
E papai homem de bem
Acreditando que tem
Valor pros homens de terno
Mas toda vez se engana
Come uma vez por semana
Vivendo um próprio inferno

Portanto Deus nos ajude
Sair dessa hemorragia
Faça que o destino mude
Torne fato a fantasia
Ajude-nos no limite
Puna a gente que permite
Que morra a nossa esperança
Se o senhor existir
É o que posso lhe pedir
Nesse dia da criança.

Renato Santos

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